Reclamar contra aquilo que se considera errado é um direito e um dever. Já se sabe que os professores não são os únicos a ter de pagar transportes e alimentação e já se sabe que isso não irá acontecer, mas o mesmo não se passa, por exemplo, com os juízes, pois não? Deixe-me perguntar-lhe uma coisa: quando decido sair de casa e ir comrar um livro útil para a minha profissão estou a trabalhar ou a passear? Nem eu próprio sei, mas o Teófilo explicará, porque até sabe que os professores recebem toneladas de livros de graça.
O material de trabalho consiste em muita coisa, incluindo o computador e a impressora. Relativamente a livros, deve estar a referir-se a manuais escolares que as editoras oferecem aos professores, desde que o livro seja adoptado na escola em que trabalham. Só que os professores não estudam nem se actualizam apenas pelos manuais escolares, pelo que compram mais livros e mais materiais, para benefício dos alunos e prejuízo da própria carteira.
No que respeita à Educação com ‘e’ grande (pelos vistos, a aque cabe aos professores é com ‘e’ pequeno), só posso concordar consigo e esse é um dos problemas: há demasiadas pessoas e instituições a esquecerem-se do seu papel de educadores, como os pais e os meios de comunicação social.
Se algum contacto os miúdos têm com um mundo diferente daquele que lhes é dado, isso deve-se à generosidade e ao empenhamento dos bons professores, o que inclui artes, teatro ou visita a monumentos nas cidades em que vivem e que, sem os professores, nunca visitariam.
Por muita vocação que se tenha, um professor tem de ser profissional. Faz parte dos deveres profissionais criticar o que está mal e isso inclui os prejuízos causados à corporação de que se faz parte, não por mero corporativismo. Repito: o tempo que retiraram aos professores é prejudicial aos alunos. Para o caso de ainda não ter percebido, vou escrever outra vez: o tempo que retiraram aos professores é prejudical aos alunos.
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Por: António Fernando Nabais
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